As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) são representadas pela doença de Crohn e pela retocolite ulcerativa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as DIIs afetam mais de cinco milhões de pessoas no mundo e sua prevalência vem aumentando no Brasil, afetando 100 pessoas a cada 100 mil habitantes.
As doenças inflamatórias intestinais podem acometer pessoas de qualquer idade, embora ocorram com maior frequência na faixa etária entre 15 a 35 anos e não há uma causa única para as DIIs, embora tenha sido demonstrado a presença de portador na família em 20% dos casos.
Entendendo a Doença de Crohn e a Colite ulcerativa
Embora a doença de Crohn e a retocolite produzam sintomas semelhantes, não são a mesma doença e muitas vezes é difícil diferenciá-las, pois em 10% dos casos pode haver sobreposição.
As manifestações clínicas podem ser inespecíficas e fazer parte de outras doenças, como doença celíaca, úlcera gástrica, síndrome do intestino irritável, câncer colorretal, entre outras.
De uma maneira geral, o quadro clínico das DIIs inclui: diarreia; cólicas e dores abdominais, fezes com sangue, urgência fecal, perda de peso, fadiga, entre outros.
Em 25% a 40% dos casos, podem ocorrer manifestações extraintestinais, com envolvimento ocular, articular, pele, ossos, rins e fígado.
Nas duas doenças, o paciente pode passar longos períodos sem nenhum sintoma (dizemos que a doença está em remissão).
Os surtos e a remissão variam de pessoa para pessoa. Cada indivíduo é único, por isso, o tratamento das doenças intestinais deve ser individualizado e, principalmente, multidisciplinar.
O primeiro passo para diagnosticar as Doenças Inflamatórias Intestinais é feito através da avaliação clínica (história e exame físico), pois além do quadro clínico das duas doenças ser semelhante, muitos sintomas podem fazer parte de outras doenças.
Alguns exames podem ser solicitados, como:
• Laboratoriais: hemograma, provas de atividade inflamatória (proteína C reativa (PCR), biomarcadores como a calprotectina fecal, sangue oculto nas fezes.
• Exames endoscópicos: procedimentos como a colonoscopia e a endoscopia são indicados para diagnóstico e acompanhamento das DIIs.
• Imagem: ultrassonografia, tomografia e ressonância.
• Biópsia: uma amostra de tecido coletada durante a colonoscopia, nas áreas inflamadas do intestino, é enviada para análise em laboratório para determinar se os sintomas estão relacionados às DIIs e qual o tipo da doença – se Crohn ou retocolite.
Tratamento da Doença Inflamatória Intestinal
A maioria dos pacientes é tratada com medicações que inibem a inflamação especificamente no intestino (mas nunca se deve usar anti-inflamatórios comuns, que podem piorar o quadro). Pode ser necessário uso de imunossupressor e eventualmente antibiótico.
Uma parcela dos pacientes poderá necessitar de terapia biológica, medicamentos desenvolvidos mediante engenharia genética e que atuam inibindo substâncias inflamatórias e com consequente remissão da doença. A terapia biológica impactou muito positivamente no tratamento de pacientes com doença inflamatória intestinal. Porém, há casos em que a cirurgia pode ser indicada.
Existem diversos tipos de medicamentos que o médico pode prescrever, lembrando que o tratamento é individualizado, variando conforme os sintomas apresentados, resposta à medicação e ocorrência de recaídas. Há casos em que a cirurgia pode ser indicada.
É importante ressaltar a importância de um tratamento multidisciplinar para pacientes com DII. Isso envolve uma equipe médica composta por gastroenterologistas, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais de saúde, que trabalham em conjunto para fornecer um cuidado abrangente e personalizado. A nutrição adequada é importante no manejo da doença, enquanto o suporte psicológico pode auxiliar os pacientes a lidar com o impacto emocional e psicossocial da condição.
Com o devido apoio, orientações adequadas, adesão ao tratamento prescrito e o correto manejo dos sintomas, muitos pacientes portadores de DII conseguem manter uma vida plena e ativa. Além disso, esse acompanhamento regular é essencial para prevenir complicações a longo prazo, como câncer do cólon e outras manifestações extraintestinais.